Tarefas na ausência da professora



12º C – Economia
 Aula de 11 de Maio -4ª feira – 8 e 15 ás 9 e 45 

 Discriminação de Género

"A edição de 4 de junho da revista TIME inclui um artigo sobre o preço do sexismo, aplicado às economias do Médio Oriente, onde a questão do papel das mulheres na sociedade e na economia gera ainda grande controvérsia.
Este artigo, escrito pela jornalista Carla Power, baseia-se em larga medida no estudo "The Output Cost of Gender Discrimination" da autoria de José Tavares, economista e Professor da Nova School of Business and Economics, e Tiago Cavalcanti, da Universidade de Cambridge.

A discriminação de género é um fenómeno amplo e dispendioso. Em maior ou menor grau, todas as economias e culturas fazem discriminação entre homens e mulheres. No mercado de trabalho, por exemplo, há uma diferença no salário com base no género, o chamado “gender wage-gap” - as mulheres recebem salários inferiores aos dos homens, pela execução das mesmas tarefas e tendo as mesmas competências, experiência e formação.

Os rácios entre os salários femininos vs masculinos podem variar de cerca de 75% nos Estados Unidos, a 41% na Irlanda, cerca de 19% no Irão e 21% na Arábia Saudita.

Os dois investigadores estudaram a discriminação de género, mas com uma perspectiva diferente e original que mostra que esta é economicamente ineficiente, mas também que reduz a produção total de uma economia, tendo apurado que um aumento de 50% no diferencial de salários entre os sexos - “gender wage-gap” - leva a uma queda de 25% no rendimento per capita.

Os resultados da investigação mostram que, para vários países, uma grande parcela da diferença na produção per capita relativamente aos EUA se deve à desigualdade entre géneros. Para países como a Irlanda ou a Arábia Saudita, a discriminação salarial explica na totalidade a diferença de produção em relação aos EUA. Por outras palavras, se não existisse discriminação de género, os cidadãos da Irlanda ou da Arábia Saudita seriam tão ou mais ricos que os dos EUA.

A análise sugere que, eliminando as desigualdades entre homens e mulheres, por muito difícil que isso seja, se obteria um impacto positivo no produto difícil de igualar por qualquer outra opção de política económica."

1 - Sintetize os principais aspetos referidos no texto anterior e manifeste a sua opinião no seu caderno diário .

12º C – Economia
Aula de 13 de Maio - 6ª feira - 8 e 15 ás 9 e 45 

Discrepância salarial
Quando a discrepância salarial não é justificada pela produtividade, um país perde dinheiro, afirma o professor e investigador José A. Tavares.
José A. Tavares, 46 anos, analisou os custos da discriminação salarial entre homens e mulheres, em conjunto com Tiago Cavalcanti, professor na Universidade de Cambridge. O professor associado da Universidade Nova de Lisboa, investigador do Centre for Economic Policy Research, em Londres, e membro do conselho científico da Fundação Francisco Manuel dos Santos, acredita que o aumento do desemprego e a pressão para baixar salários pode reduzir a desigualdade de ordenados, mas “pelas piores razões”. Ter uma economia com ordenado mínimo e igual para todos não é o modelo a seguir.

Na União Europeia as mulheres ganham em média menos 17,5% do que os homens. Quanto é que custa esta desigualdade?

O maior custo é o custo social associado à discriminação. São custos diários e comezinhos, como o facto de as mulheres terem uma proporção mais elevada das tarefas domésticas a seu cargo. Mas se falarmos a nível económico, de um ponto de vista macro, verificamos que há economias onde esses custos explicam grande parte da diferença de produtividade e de produto por trabalhador em relação a outros países, como os Estados Unidos. Essas são as sociedades que mais discriminam e não são, em geral, europeias. São sobretudo do Médio Oriente e algumas só não são pobres porque têm a bonança do petróleo.

Nos países onde hoje se verifica uma grande crescimento económico, como o Brasil e a China, detectaram alguma diminuição da desigualdade salarial? 

Olhamos mais para experiências de longo prazo, mas o que se sabe é que os países emergentes têm em geral grandes taxas de criação de empresas. O Brasil é mais empreendedor do que os EUA. Países muito pobres da África subsariana são muito mais empreendedores do que o Japão. É uma reacção à falta de instituições de governo da sociedade. A boa notícia é que quando há mais empreendedorismo, há uma maior participação das mulheres. Numa sociedade desenvolvida, como a portuguesa, as mulheres são uma minoria de empreendedores. Nas menos desenvolvidas acaba por ser uma forma de emancipação.

Podemos dividir o mundo por blocos? Quanto mais desenvolvido menos desigualdade salarial? 

A discriminação está associada a várias coisas, nomeadamente a questões culturais. Em geral, em países mais desenvolvidos há menos discriminação salarial. O empreendedorismo de que falámos pode até ser uma compensação dessa realidade, mas parcial. A verdade é que se pode explicar a mudança de atitude dos homens por questões de desenvolvimento. Ou seja, se o parceiro decide que não é apropriado a parceira trabalhar, isso implica um custo de rendimento para o casal. Se a economia é mais desenvolvida, o custo é mais alto.

Porque há um patamar de produtividade maior, conseguido por mais mulheres integradas no mercado de trabalho? 

Ter uma pessoa em casa tem um maior custo de oportunidade. Mesmo que culturalmente uma sociedade seja inclinada a discriminar, felizmente à medida que a economia seja mais produtiva e rica, os agentes que discriminam pensam duas vezes. A cultura também é endógena. Se pensarmos na Primavera Árabe, por exemplo, na Tunísia, se as mulheres começarem a ter mais poder isso vai alterar a atitude da sociedade e tornará a economia mais robusta.

No estudo que fez com Tiago Cavalcanti concluiu que um aumento de 50% no desequilíbrio salarial reduz 25% o rendimento per capita. Como chegaram a esta conclusão? 

O nosso modelo explica três variáveis: o crescimento, a natalidade e participação feminina. A discriminação é uma variável que não explicamos. Modelamos esta economia como se fosse a economia americana, ou seja, os dados que usamos como referência (como a taxa de juro ou de progresso tecnológico) são dos EUA. Tendo essa base, colectámos, por exemplo, o índice de discriminação de um país como o Egipto e colocámo-lo na simulação da economia americana. É como ter uma economia em tudo americana excepto na discriminação de género, que é a do Egipto. Resultado: altera-se o crescimento económico, a natalidade e a participação. A discriminação de género da Arábia Saudita, por exemplo, levaria uma economia como a americana a níveis de produto inferiores ao observado para esse país do Médio Oriente.

Como se posiciona Portugal face a outros países? 

Portugal surge como um dos países em que a discriminação de género “explica” menos. E, de facto, se olharmos as duas consequências de discriminação de género no nosso modelo (baixa participação laboral feminina e alta fertilidade) não são características da nossa economia. Por outro lado, a nossa diferença de rendimento em relação ao país de referência, os Estados Unidos, é demasiado elevada para que um factor tão parcelar como a discriminação “conte grande parte da história”. Com a Espanha e a Itália é diferente, evidenciam maiores perdas com a discriminação, que explica uma parte substancial do seu menor produto per capita em relação aos Estados Unidos da América.

O ganho médio mensal das mulheres portuguesas corresponde a 79% do valor pago aos homens. Esta realidade prejudica o desenvolvimento económico do país? 

Historicamente Portugal tem níveis de participação mais elevados do que países com o mesmo nível de desenvolvimento. Há a comparação clássica com a Espanha. São culturas semelhantes mas em Espanha a participação das mulheres é menos elevada. Nesse sentido, Portugal tem um menor custo de discriminação. O facto de a imigração ter sido mais intensa cá, ou a Guerra Colonial, podem ajudar a explicar esta diferença em relação a Espanha.

Há também dados que indicam que quanto mais qualificadas, maior é a desigualdade salarial face aos homens. 

Tem também a ver com progressões de carreira, interrompida pela gravidez por exemplo. Essa desigualdade tem a ver com discriminação.

Portugal conseguiria ter uma economia mais robusta se diminuísse o gap salarial? 

A diferença salarial relacionada com a produtividade (quer seja entre homens e mulheres, quer entre os trabalhadores em geral) faz parte do funcionamento geral da economia. O que chamamos de discriminação são diferenças que não têm a ver com produtividade. Ou seja, entre uma mulher e um homem igualmente produtivos, a mulher recebe um salário menor. Sempre que isto acontece, é o mesmo que deitar dinheiro à rua. Sempre que há uma diferença de salário sem diferença de produtividade a economia está a tornar-se mais pobre.

Que consequências práticas é que isso provoca? 

Se uma mulher tem uma produtividade de 100 e só é paga a 50 e vive num país onde há muita discriminação, pensará duas vezes se quer trabalhar ou não. E ao não trabalhar está a diminuir o produto da economia. Esta mulher estava disposta a trabalhar por 100. Além, claro, das questões de motivação. Se ao longo dos anos, as mulheres verificam que a sua progressão não é a mesma dos homens, desmotivam-se.

O aumento do desemprego, a quebra de rendimento e a pressão para aceitar salários mais baixos podem fazer reduzir a diferença salarial em Portugal? 

Pode atenuar-se pelas piores razões. A discriminação não deve ser encarada isoladamente. Se uma economia for feita só de pobres a desigualdade é mínima, mas não é esta a sociedade que queremos. Se tivermos uma economia onde todos ganhem o salário mínimo não há discriminação entre homens e mulheres, mas não é isso que queremos. É preciso equilíbrio.

Quando a retoma chegar, chegará mais para os homens? 

A longo prazo, a boa notícia é que a diferença salarial tende a diminuir. As pessoas trabalham mais, há menos discriminação, logo há mais produtividade. Um trabalho muito interessante feito por uma economista da Universidade de Nova Iorque mostra que às vezes há choques culturais que mudam a discriminação. Quando os americanos participaram na II Guerra Mundial, as mulheres foram chamadas a participar. Os homens que observaram as suas mães irem para o mercado de trabalho durante a guerra discriminaram menos.

1 - Resuma os tópicos mais importantes da entrevista anterior e faça um pequeno texto no seu caderno diário .

Sociologia 12º C e 12º D
10 de Maio -3ª feira-  8 e 15 ás 9 e 45 (12ºC) e 10.05 ás 11 e 35 (12ºD)
12 de Maio – 5ª feira -  10.05 ás 11 e 35 (12ºD) e 11.45 ás 13 e 15- (12º C)



Textos e Atividades


Imagem daqui

Globalização cultural ou cultura global?

Segundo alguns autores este aspecto é algo residual, só vem por acréscimo. Para outros, este aspecto vai ser a base do poder económico, politico e militar.
São os meios de comunicação electrónica especialmente a televisão, que tem sido um dos grandes temas de debate.
Embora a importância da globalização dos meios de comunicação social seja salientada por todos, nem todos retiram dela as mesmas consequências vejamos no caso do nosso país, devido ao grande número de programas televisivos, essencialmente, de origem americana fazem com que haja uma  mistura de culturas, acabando por termos crenças e costumes muito similares, o exemplo mais famoso é a fast-food. Americanização.
Esta temática articula-se com uma outra igualmente central no âmbito da globalização cultural: o de saber até que ponto a globalização acarreta a homogeneização. Se para alguns autores a especificidade das culturas locais e nacionais está em risco para outros,  a globalização tanto produz homogeneização como diversidade.
No domínio cultural, o consenso neoliberal é muito selectivo. Os fenómenos culturais só lhe interessam na medida em que se tornam mercadorias que como tal devem seguir o trilho da globalização económica.
Assim o consenso diz, sobretudo, respeito aos suportes técnicos e jurídicos da produção e circulação dos produtos das industrias culturais, como por exemplo, as tecnologias de comunicação e da informação e dos direitos de propriedade intelectual.
Santos, Boaventura de Sousa
Fonte : AQUI




Titanic beijo “O impacto cultural da globalização foi alvo de muita atenção. Imagens, ideias, produtos e estilos disseminam-se hoje em dia pelo mundo inteiro de uma forma muito mais rápida. O comércio, as novas tecnologias de informação, os meios de comunicação internacionais e a migração global fomentaram um fluxo sem restrições de cultura que transpõe as fronteiras das diversas nações. Muitas pessoas defendem que vivemos hoje numa única ordem de informação – uma gigantesca rede mundial, onde a informação é partilhada rapidamente e em grande quantidade. (…)
Segundo estimativas, centenas de milhões de pessoas do mundo inteiro assistiram ao filme Titanic, em salas de cinema ou em vídeo. Estreado em 1997, o Titanic conta a história de um jovem casal que se apaixona a bordo do fatídico navio transoceânico, e é um dos filmes mais populares de sempre. O Titanic quebrou todos os records de bilheteira, acumulando mais de 1,8 mil milhões de dólares de receitas provenientes de salas de cinema em cinquenta e cinco países diferentes. Aquando da estreia do filme, formaram-se em muitos países filas de centenas de pessoas para comprar bilhete, e as sessões estavam permanentemente esgotadas (…)
masai e mulher ocidental O filme é um dos muitos produtos culturais que conseguiu quebrar as fronteiras nacionais e dar origem a um fenómeno de verdadeiras proporções internacionais. (…)
Uma razão que explica o sucesso de Titanic é o facto do filme reflectir um conjunto particular de ideias e valores com que as assistências pelo mundo fora conseguiam identificar-se. Uma das temáticas centrais do filme é a da possibilidade do amor romântico vencer as diferenças de classe social e as tradições familiares. Embora este ideal seja, de uma forma geral, aceite na maior parte dos países ocidentais, ainda não prevalece em muitas outras regiões do mundo. O sucesso de uma película como o Titanic reflecte a mudança de atitudes em relação a relacionamentos pessoais e casamentos, por exemplo, em partes do mundo onde os valores mais tradicionais têm prevalecido. No entanto, pode dizer-se que oTitanic, tal como muitos outros filmes ocidentais, contribui para essa mudança de valores. Os filmes e programas de televisão produzidos no Ocidente, que dominam os media mundiais, tendem a avançar uma série de agendas políticas, sociais e económicas que reflectem uma visão do mundo especificamente ocidental. Alguns preocupam-se com o facto da globalização estar a conduzir à criação de uma ‘cultura global’, em que os valores dos mais ricos e poderosos – neste caso, os estúdios de cinema de Hollywood – se sobrepõem à força dos hábitos e das tradições locais. De acordo com esta perspectiva, a globalização é uma forma de ‘imperialismo cultural’, em que os valores, os estilos e as perspectivas ocidentais são divulgados de um modo tão agressivo que suprimem as outras culturas nacionais.
Outros autores, pelo contrário, associaram os processos de globalização a uma crescente diferenciação no que diz respeito a formas e tradições culturais. Ao contrário dos que insistem no argumento da homogeneização cultural, estes autores afirmam que a sociedade global se caracteriza actualmente pela coexistência lado a lado de uma enorme diversidade de culturas. Às tradições locais, junta-se um conjunto de formas culturais adicionais provenientes do estrangeiro, presenteando as pessoas com um leque estonteante de opções de escolha de estilos de vida. Estaremos a assistir à fragmentação de formas culturais, e não à formação de uma cultura mundial unificada. As antigas identidades e modos de vida enraizados em culturas e em comunidades locais estão a dar lugar a novas formas de ‘identidade híbrida’, compostas por elementos de diferentes origens culturais. Deste modo, um cidadão negro e urbano da África do Sul actual pode permanecer fortemente influenciado pelas tradições e perspectivas culturais das suas raízes tribais, mas simultaneamente adoptar um gosto e um estilo de vida cosmopolitas – na roupa, no lazer, nos tempos livres, etc. – que resultam da globalização.”
Anthony Giddens, Sociologia, 5ª edição, F. C. Gulbenkian, 2007, Lisboa, pp. 64-65.


1. Descreva em poucas palavras a globalização cultural.
2. Dê exemplos ilustrativos da globalização cultural diferentes dos exemplos dados pelo autor.
3. Relacione a globalização cultural com a aculturação.
4. Relacione a distinção entre aculturação por assimilação e aculturação por destruição com a divergência entre os autores que defendem que a globalização cultural leva à homogeneização cultural e os autores que defendem que leva à diferenciação cultural.
5. Na sua opinião, quem tem razão nessa divergência. Porquê?

Subjectivity of meaning—the case of Titanic

A cultural phenomenon does not convey the same meaning everywhere. In 1998, the drama and special effects of the American movie Titanic created a sensation among Chinese fans. Scores of middle-aged Chinese returned to the theatres over and over—crying their way through the film. Enterprising hawkers began selling packages of facial tissue outside Shanghai theatres. The theme song of Titanic became a best-selling CD in China, as did posters of the young film stars. Chinese consumers purchased more than 25 million pirated (and 300,000 legitimate) video copies of the film....


O artigo em questão é fruto de uma pesquisa etnográfica realizada em Lisboa, no ano de 2010. O kuduro é um estilo de dança e música que surgiu em Luanda, nos anos 1990, e que chegou a Portugal logo em seguida, por meio das relações entre os imigrantes com o país de origem: a Angola. O objetivo é compreender como, ao lado de outras formas de expressão cultural juvenis, em Lisboa, o kuduro, assim como o hip-hop, o rap e o reggae, passou a fazer parte integrante do consumo e da produção cultural dos jovens da periferia. Em meio à música e à dança como formas de entretenimento, um universo de tensões sociais, étnicas e geracionais faz-se presente e faz emergir interessantes processos de identificação social. A escola, a rua e a Internet tornaram-se os principais espaços de socialização do kuduro, que perpassa um estilo de vida que parece constituir laços de afinidade entre imigrantes e descendentes, tendo como referência o país de origem ou mesmo uma África imaginada pela relação de solidariedade entre descendentes da imigração originária dos Países Africanos de Língua Portuguesa. A análise de tais questões está implicada pelas novas dinâmicas dos fluxos contemporâneos transnacionais de pessoas, de produtos culturais e de informações, em contextos metropolitanos e pós-coloniais.
Fonte : AQUI


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