Classes sociais e Estratos sociais
A
definição de classes sociais confunde-se muitas vezes com a de estratos
sociais, já que hierarquicamente ambos se organizam segundo a facilidade de
acesso aos bens em função do nível de rendimento dos indivíduos. Sendo que numa
representação gráfica piramidal facilmente se poderá concluir que quanto maior
é o rendimento, maior é a possibilidade de acesso aos bens e contrariamente
quanto maior é o rendimento, menor é o numero total de elementos que se
integram nessa classe/estrato social. Tal como o bem-estar dos indivíduos, já que
quanto menor é o rendimento mais difícil é o acesso aos bens que promovem o
bem-estar destes.
Existem
vários tipos de classificação do estratos sociais, sendo que em Portugal se
utiliza a classificação A, B,C,D e E de forma a evitar termos mais ofensivos.
Uma
análise Sociológica permite perceber e catalogar os diferentes estratos sociais
pela observação de outros fatores que variam conforme o estrato em que os
indivíduos se inserem como, especificidades culturais, géneros de vida, riqueza
do vocabulário, profissões desempenhadas, forma de vestir, ocupações de lazer,
localização e decoração das habitações, pela forma como sociabilizam com outros
indivíduos, e até pela forma como aplicam valores sociais no trabalho, na
sociedade e na educação dos filhos.
No
entanto, esta estrutura de sociedade capitalista promove enormes desigualdades
sociais, ainda que permita uma melhor mobilidade entre os estratos sociais que
as estruturas anteriores como o Esclavagismo e o Feudalismo, onde mesmo muito
difícil ou quase impossível a possibilidade de alguém dos estratos de base,
mais desfavorecidos, subir na hierarquia social para os estratos superiores.
A
grande diferença entre Estratos e Classes sociais prende-se com o facto de as
estruturas sociais designarem a organização funcional e económica da economia e
da sociedade capitalista industrial e as classes sociais, serem mais
abrangentes definindo também as identidades coletivas e individuais dos
elementos das estruturas, bem como as diferentes culturas e comunidades. Ou
seja estruturas são menos abrangentes que as classes, já que estas são fatores
coletivos que dentro de uma mesma estrutura podem opor-se a outras pressupondo
uma consciência de totalidade.
Durante
muito tempo os estudos sociológicos assentavam numa suposta rutura do sistema
capitalista enquanto variável independente que promovia o determinismo, ou seja
facilmente se determinava a conduta dos indivíduos que a compunham. Por outras
palavras poder-se-á dizer, por exemplo, que um filho de um elemento de classe
superior iria ser membro ativo dessa classe num futuro quase determinado por si
só.
Alem
disso a estabilidade económica e o desenvolvimento do sistema de estatística
auxiliaram nessa codificação de categorias.
Acontece
porem que mais recentemente esta definição perdeu parte da sua atualidade, com as
mudanças sociais que o sistema de produção sofreu, a cultura de massas
(coletivas) debilitou a cultura de classes. É muito difícil hoje em dia
classificar alguém ao nível das atitudes e comportamentos pela classe social
que ocupa. Fatores como género, idade, diploma, estatuto do emprego, etnia,
zona de residencial e percurso pessoal, são indicadores mais precisos e
eficazes para classificar os indivíduos que propriamente a classe social de
origem.
Ainda
é pertinente a análise de composição social por classes, já que a probabilidade
de o filho de um elemento de classe social de topo frequentar o ensino
universitário, é muito superior à probabilidade do filho de um elemento das
classes de base. No entanto com o passar dos anos essa diferença tem sido
gradualmente reduzida.
Não
faz assim sentido, considerar a tipologia de classes sociais como única e
definitiva sendo a realidade social dos intervenientes móvel, abrindo caminho á
mobilidade entre classes e a outros tipo de estratificação das classes. Aliás
existe um grupo de trabalho que esta a estudar uma forma de estratificação
diferente de nome ACM onde o seu principal objetivo é observar a evolução da
origem social dos estudantes universitários em Portugal.
Ou
seja as classes sociais são ao mesmo tempo indispensáveis e improváveis.
Indispensáveis pois auxiliam na forma de estratificar os elementos da sociedade
e permitir a perceção dos fenómenos sociais ate pela experiencia dos atores. Improvável,
na medida do que anteriormente foi descrito, de que outras variáveis estão a
moldar o conceito previamente aceite.
Outra
variável que esta a ser estudada pela controvérsia que causa, é a atribuição de
classes aos estudantes, que é o trajeto futuro perspetivado, uma vez que este
será um fator mais revelador do ponto de vista das classes sociais que
propriamente o passado ou origem. Um aluno de quem se perspetiva poder vir a
concluir medicina, será um aluno que mais facilmente poderá ocupar uma classe
social mais elevada, sendo que na sua origem pode ser filho de elementos de
classe social mais desfavorecida.
Esta
controvérsia pode ser ultrapassada pela introdução de conceitos de distinção
das classes sociais como o conceito de trajetória social, independentemente
desta ser positiva ou negativa. A trajetória de um casal onde por motivos de
saúde ou desemprego, o seu acesso aos rendimentos diminui drasticamente
influenciará seguramente as perspetivas futuras dos seus filhos, por exemplo.
Ou
seja tornar mais flexível o conceito de classes sociais para que possibilite
uma conceção multidimensional, assente em três fatores dimensionais diferentes,
mas ao mesmo tempo importantes na curva classificativa. Dimensão económica,
dimensão social e dimensão cultural, com as respetivas estruturas e trajetórias
sociais, não descurando as dimensões secundárias como a idade, género ou
localização geográfica.
Todos
estes aspetos conjugados permitem uma melhor e mais adequada classificação dos
indivíduos por classes.
Quanto
á relevância dos indicadores socio educacionais, devido à interferência do
estado nos sistemas de ensino, catalogando e estratificando-os por graus é mais
simples a classificação social, sendo contudo menos transparente do que se pode
aferir à primeira vista.
Os
sindicadores socioprofissionais seriam mais precisos se utilizassem um sistema
de tipologia mais eficaz como a ACM.
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