Economia
1-
A discriminação de género é um fenómeno feito em todas as culturas e
economias. Por exemplo, no mercado de trabalho, há uma diferença no salário com
base no género, o chamado “gender wage-gap”, isto é, as mulheres recebem
salários inferiores aos dos homens, pela execução das mesmas tarefas e tendo as
mesmas competências, experiência e formação.
A percentagem entre os salários
femininos e os salários masculinos, chegam mesmo aos 75% nos Estados Unidos da
América.
Os dois
investigadores fizeram um estudo sobre a discriminação de género, mas com uma
perspectiva diferente. Apuraram então que um aumento de 50% no diferencial de salários entre os
sexos leva a uma queda de 25% no rendimento per capita.
Os resultados da investigação
mostram que uma grande parcela da diferença na produção per capita
relativamente aos EUA se deve à desigualdade entre géneros. Para países como a
Irlanda ou a Arábia Saudita, a discriminação salarial explica na totalidade a
diferença de produção em relação aos EUA. Por outras palavras, se não existisse
discriminação de género, os cidadãos da Irlanda ou da Arábia Saudita seriam tão
ou mais ricos que os dos EUA.
A análise sugere que, eliminando as desigualdades
entre homens e mulheres, o impacto obtido seria positivo na opção de política
económica
2-
Na União Europeia as mulheres ganham
em média menos 17,5% do que os homens. Quanto é que custa esta desigualdade?
O maior custo é o custo social
associado à discriminação. Se falarmos a nível económico verificamos que há
economias onde esses custos explicam grande parte da diferença de produtividade
e de produto por trabalhador em relação a outros países. As sociedades que mais
discriminam são sobretudo do Médio Oriente
Nos países onde hoje se verifica uma grande crescimento económico, como o
Brasil e a China, detectaram alguma diminuição da desigualdade salarial?
Quando há mais empreendedorismo, há
uma maior participação das mulheres. Numa sociedade desenvolvida, como a
portuguesa, as mulheres são uma minoria de empreendedores. Nas menos
desenvolvidas acaba por ser uma forma de emancipação.
Podemos dividir o mundo por blocos? Quanto mais desenvolvido menos
desigualdade salarial?
A discriminação está associada a
várias coisas. Em geral, em países mais desenvolvidos há menos discriminação
salarial.
Porque há um patamar de produtividade maior, conseguido por mais mulheres
integradas no mercado de trabalho?
Ter uma pessoa em casa tem um maior
custo de oportunidade.
A cultura também é endógena. Se
pensarmos na Primavera Árabe, por exemplo, na Tunísia, se as mulheres começarem
a ter mais poder isso vai alterar a atitude da sociedade e tornará a economia
mais robusta.
No estudo que fez com Tiago Cavalcanti concluiu que um aumento de 50% no
desequilíbrio salarial reduz 25% o rendimento per capita. Como chegaram a esta
conclusão?
O nosso modelo explica três
variáveis: o crescimento, a natalidade e participação feminina. A discriminação
é uma variável que não explicamos. Modelamos esta economia como se fosse a
economia americana, ou seja, os dados que usamos como referência são dos EUA. É
como ter uma economia em tudo americana excepto na discriminação de género, que
é a do Egipto.
Como se posiciona Portugal face a outros países?
Portugal surge como um dos países em
que a discriminação de género “explica” menos. A nossa diferença de rendimento
em relação ao país de referência, os Estados Unidos, é demasiado elevada para
que um factor tão parcelar como a discriminação “conte grande parte da
história”. Com a Espanha e a Itália é diferente, evidenciam maiores perdas com
a discriminação,
O ganho médio mensal das mulheres portuguesas corresponde a 79% do valor
pago aos homens. Esta realidade prejudica o desenvolvimento económico do país?
Portugal tem um menor custo de
discriminação. O facto de a imigração ter sido mais intensa cá, ou a Guerra
Colonial, podem ajudar a explicar esta diferença em relação a Espanha.
Há também dados que indicam que
quanto mais qualificadas, maior é a desigualdade salarial face aos homens.
Tem também a ver com progressões de
carreira, interrompida pela gravidez por exemplo. Essa desigualdade tem a ver
com discriminação.
Portugal conseguiria ter uma economia mais robusta se diminuísse o gap
salarial?
O que chamamos de discriminação são
diferenças que não têm a ver com produtividade. Ou seja, entre uma mulher e um
homem igualmente produtivos, a mulher recebe um salário menor. Sempre que há
uma diferença de salário sem diferença de produtividade a economia está a
tornar-se mais pobre.
Que consequências práticas é que isso provoca?
Se uma mulher tem uma produtividade
de 100 e só é paga a 50 e vive num país onde há muita discriminação
questiona-se se quer trabalhar ou não. Ao não trabalhar está a diminuir o
produto da economia
O aumento do desemprego, a quebra de rendimento e a pressão para aceitar
salários mais baixos podem fazer reduzir a diferença salarial em Portugal?
A discriminação não deve ser
encarada isoladamente. Se tivermos uma economia onde todos ganhem o salário mínimo
não há discriminação entre homens e mulheres, mas não é isso que queremos. É
preciso equilíbrio.
Quando a retoma chegar, chegará mais para os homens?
A diferença salarial tende a
diminuir. As pessoas trabalham mais, há menos discriminação, logo há mais
produtividade. Quando os americanos participaram na II Guerra Mundial, as
mulheres foram chamadas a participar. Os homens que observaram as suas mães
irem para o mercado de trabalho durante a guerra discriminaram menos.
Sociologia
Uma classe social é um grupo de pessoas que têm papeis sociais similares segundo critérios diversos,
especialmente o económico assim como de que família pertence e nasceu enquanto que estratificação social é
um conceito que envolve a classificação das pessoas em grupos com base em
condições socioeconómicas comuns... Um conjunto relacional das desigualdades
com as dimensões económicas, social, política e ideológica. Quando as
diferenças levam a um papel de poder ou privilégio de alguns
grupos em detrimento de outros isso é chamado de estratificação social. A estratificação social é baseada em
quatro princípios básicos: É uma característica da sociedade, e não
simplesmente um reflexo das diferenças individuais; A estratificação social contínua
de geração para geração; É universal, mas variável; Envolve não só a
desigualdade, mas também crenças.
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