quinta-feira, 2 de junho de 2016

Economia
1-    A discriminação de género é um fenómeno feito em todas as culturas e economias. Por exemplo, no mercado de trabalho, há uma diferença no salário com base no género, o chamado “gender wage-gap”, isto é, as mulheres recebem salários inferiores aos dos homens, pela execução das mesmas tarefas e tendo as mesmas competências, experiência e formação.

A percentagem entre os salários femininos e os salários masculinos, chegam mesmo aos 75% nos Estados Unidos da América.

Os dois investigadores fizeram um estudo sobre a discriminação de género, mas com uma perspectiva diferente. Apuraram então que um aumento de 50% no diferencial de salários entre os sexos leva a uma queda de 25% no rendimento per capita.

Os resultados da investigação mostram que uma grande parcela da diferença na produção per capita relativamente aos EUA se deve à desigualdade entre géneros. Para países como a Irlanda ou a Arábia Saudita, a discriminação salarial explica na totalidade a diferença de produção em relação aos EUA. Por outras palavras, se não existisse discriminação de género, os cidadãos da Irlanda ou da Arábia Saudita seriam tão ou mais ricos que os dos EUA.

A análise sugere que, eliminando as desigualdades entre homens e mulheres, o impacto obtido seria positivo na opção de política económica

2-    Na União Europeia as mulheres ganham em média menos 17,5% do que os homens. Quanto é que custa esta desigualdade?
O maior custo é o custo social associado à discriminação. Se falarmos a nível económico verificamos que há economias onde esses custos explicam grande parte da diferença de produtividade e de produto por trabalhador em relação a outros países. As sociedades que mais discriminam são sobretudo do Médio Oriente
Nos países onde hoje se verifica uma grande crescimento económico, como o Brasil e a China, detectaram alguma diminuição da desigualdade salarial?
Quando há mais empreendedorismo, há uma maior participação das mulheres. Numa sociedade desenvolvida, como a portuguesa, as mulheres são uma minoria de empreendedores. Nas menos desenvolvidas acaba por ser uma forma de emancipação.
Podemos dividir o mundo por blocos? Quanto mais desenvolvido menos desigualdade salarial?
A discriminação está associada a várias coisas. Em geral, em países mais desenvolvidos há menos discriminação salarial.
Porque há um patamar de produtividade maior, conseguido por mais mulheres integradas no mercado de trabalho?
Ter uma pessoa em casa tem um maior custo de oportunidade.
A cultura também é endógena. Se pensarmos na Primavera Árabe, por exemplo, na Tunísia, se as mulheres começarem a ter mais poder isso vai alterar a atitude da sociedade e tornará a economia mais robusta.
No estudo que fez com Tiago Cavalcanti concluiu que um aumento de 50% no desequilíbrio salarial reduz 25% o rendimento per capita. Como chegaram a esta conclusão?
O nosso modelo explica três variáveis: o crescimento, a natalidade e participação feminina. A discriminação é uma variável que não explicamos. Modelamos esta economia como se fosse a economia americana, ou seja, os dados que usamos como referência são dos EUA. É como ter uma economia em tudo americana excepto na discriminação de género, que é a do Egipto.
Como se posiciona Portugal face a outros países?
Portugal surge como um dos países em que a discriminação de género “explica” menos. A nossa diferença de rendimento em relação ao país de referência, os Estados Unidos, é demasiado elevada para que um factor tão parcelar como a discriminação “conte grande parte da história”. Com a Espanha e a Itália é diferente, evidenciam maiores perdas com a discriminação,
O ganho médio mensal das mulheres portuguesas corresponde a 79% do valor pago aos homens. Esta realidade prejudica o desenvolvimento económico do país?
Portugal tem um menor custo de discriminação. O facto de a imigração ter sido mais intensa cá, ou a Guerra Colonial, podem ajudar a explicar esta diferença em relação a Espanha.
Há também dados que indicam que quanto mais qualificadas, maior é a desigualdade salarial face aos homens.
Tem também a ver com progressões de carreira, interrompida pela gravidez por exemplo. Essa desigualdade tem a ver com discriminação.
Portugal conseguiria ter uma economia mais robusta se diminuísse o gap salarial?
O que chamamos de discriminação são diferenças que não têm a ver com produtividade. Ou seja, entre uma mulher e um homem igualmente produtivos, a mulher recebe um salário menor. Sempre que há uma diferença de salário sem diferença de produtividade a economia está a tornar-se mais pobre.
Que consequências práticas é que isso provoca?
Se uma mulher tem uma produtividade de 100 e só é paga a 50 e vive num país onde há muita discriminação questiona-se se quer trabalhar ou não. Ao não trabalhar está a diminuir o produto da economia
O aumento do desemprego, a quebra de rendimento e a pressão para aceitar salários mais baixos podem fazer reduzir a diferença salarial em Portugal?
A discriminação não deve ser encarada isoladamente. Se tivermos uma economia onde todos ganhem o salário mínimo não há discriminação entre homens e mulheres, mas não é isso que queremos. É preciso equilíbrio.
Quando a retoma chegar, chegará mais para os homens?
A diferença salarial tende a diminuir. As pessoas trabalham mais, há menos discriminação, logo há mais produtividade. Quando os americanos participaram na II Guerra Mundial, as mulheres foram chamadas a participar. Os homens que observaram as suas mães irem para o mercado de trabalho durante a guerra discriminaram menos.


Sociologia


Uma classe social é um grupo de pessoas que têm papeis sociais similares segundo critérios diversos, especialmente o económico assim como de que família pertence e nasceu enquanto que estratificação social é um conceito que envolve a classificação das pessoas em grupos com base em condições socioeconómicas comuns... Um conjunto relacional das desigualdades com as dimensões económicas, social, política e ideológica. Quando as diferenças levam a um papel de poder ou privilégio de alguns grupos em detrimento de outros isso é chamado de estratificação social.  A estratificação social é baseada em quatro princípios básicos: É uma característica da sociedade, e não simplesmente um reflexo das diferenças individuais; A estratificação social contínua de geração para geração; É universal, mas variável; Envolve não só a desigualdade, mas também crenças.

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